"Essa condição afeta os nervos das mãos e dos pés, causando um formigamento e um dos motivos do seu aparecimento é o tratamento oncológico"
A neuropatia periférica é uma doença que surge, na maioria das vezes, como uma condição secundária, como por conta de um câncer ou de seu tratamento. É muito importante que ela seja diagnosticada precocemente para garantir uma boa qualidade de vida.
Os nervos são como canos elétricos
revestidos por uma substância isolante e espalhados pelo corpo humano.
Eles são responsáveis por transmitir as sensações, inervar os músculos,
fazendo com que eles se movimentem, e inervar também os órgãos internos.
A neuropatia periférica acontece quando os
nervos que saem da medula espinhal e vão para os membros, chamados
periféricos, sofrem algum impacto. A
neuropatia pode ocorrer por vários problemas, sendo o mais comum a
diabetes. Mas o uso de substâncias, como álcool, algumas medicações,
agentes tóxicos, como chumbo ou mercúrio, também podem influenciar.
Outras doenças como insuficiência
renal, hipotireoidismo e condições específicas dos nervos podem causar
as neuropatias periféricas. A neuropatia também pode ser influenciada
pela desnutrição, perda de massa muscular e alterações de vitaminas.
Quais os sintomas da neuropatia periférica?
Os sintomas podem variar, mas os mais
comuns são: formigamentos, perda de sensibilidade nas extremidades,
principalmente pés e mãos, perda de força, perda de massa muscular
(atrofia) e dor espontânea. Sendo possível que também aconteçam
alterações de pele, unhas e pelos.
Esses
sintomas ocorrem porque os nervos são os responsáveis por levar a
sensibilidade e força até à pele e os músculos. E quando eles são
lesionados, aparecem alterações na sensibilidade da pele e força dos
músculos. Mas é interessante ressaltar que estes sintomas são mais
distais. Ou seja, mais em extremidades, pelo menos inicialmente, e mais
nos membros inferiores que nos superiores.
Como é feito o diagnóstico?
Médicos acostumados a indicar medicamentos que possuem a neuropatia
periférica como efeito colateral devem ficar atentos. Além disso, devem
informar esses pacientes que a neuropatia pode acontecer e deve
alertá-los para os sintomas. Isso porque o
diagnóstico é essencialmente clínico. Porém, em alguns casos pode ser
feito a eletroneuromiografia para obter um diagnóstico documentado.
A eletroneuromiografia é um exame que estuda os nervos motores e
sensitivos. Esse teste é realizado em duas etapas. Na primeira, são
dados pequenos choque nos nervos periféricos para que seja analisada a
velocidade de condução nervosa. Ou seja, o tempo que o corpo demora para
responder àquele estímulo.
Já na segunda fase, alguns músculos
recebem pequenas agulhas para observar a atividade muscular em repouso e
durante a contração.
Mas para solicitar esse exame, o
médico precisa montar um histórico e realizar um teste físico
direcionado. Desse modo, ele sugere, por meio desses testes, a
possibilidade de uma neuropatia periférica.
A grande preocupação é que a
neuropatia periférica pode evoluir e os sintomas piorar.
Consequentemente, o paciente corre mais risco de sofrer quedas, ter
dificuldade para ficar em pé, andar ou até mesmo sentir dor nos membros.
Por isso, é importante diagnosticar precocemente a doença e encontrar o
melhor tratamento, garantindo, assim, uma melhor qualidade de vida.
Em
alguns casos, a neuropatia é um sintoma do câncer. Saber que existe a
neuropatia pode permitir o diagnóstico mais rápido do tumor, e um
tratamento mais rápido e completo.
Neuropatia periférica e o câncer
Não são todos os pacientes
oncológicos que vão desenvolver um quadro de neuropatia, mas é possível
que ela aconteça em alguns casos. Especialmente em pacientes em
tratamento que estejam desnutridos, ou utilizando certos tipos de
quimioterapia e em casos de tumores mais agressivos.
É mais comum a neuropatia ocorrer pelo tratamento que pelo tumor em si. Mas cânceres como linfomas, mama, pulmonar, mieloma múltiplo e pacientes que sofreram transplante de medula óssea têm mais chance de produzir neuropatia periférica.
É possível que alguns quimioterápicos tradicionais também podem causar a neuropatia. Entre
as quimioterapias tradicionais, as mais frequentes são a vincristina e a
vimblastina. Entre medicamentos mais novos, o bortezomibe e o
brentuximabe vedotin. Nesse caso, o paciente precisa conversar com o seu
médico para que ele pense qual a melhor solução. Em algumas situações,
apenas a diminuição ou o descontinuamento da medicação diminui os
sintomas.
A radioterapia também pode levar a
uma neuropatia. Isso porque a radioterapia pode causar uma lesão do
local onde os nervos são formados, os plexos, área que está próxima à
medula. Aqui, a mesma recomendação é válida:
converse com o médico e veja qual é a melhor solução.
Neuropatia periférica: como se trata?
A neuropatia em si não tem cura, mas é possível tratá-la fazendo com que os sintomas sejam minimizados.
Como dito anteriormente, às vezes, diminuir ou parar a quimio já é o suficiente. Mas, em outros casos é preciso fazer o tratamento
da doença de base como diabetes, insuficiência renal ou hepática,
cânceres; diminuir o uso de álcool, utilizar complexo B,
oligonucleotídeos.
Sendo ainda possível a utilização de medicamentos analgésicos, anticonvulsivantes com efeitos analgésicos
(como a gabapentina e a pregabalina), tratamentos tópicos como a
capsaicina e antidepressivos com efeito analgésico como a duloxetina, a
venlafaxina, a amitriptilina e a doxepina.
Lembrando sempre que quem decidirá
qual o melhor caminho e tratamento é o neurologista que acompanha o
histórico e o caso do paciente. Fonte: abrale.org.br
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